ImageHost.org

The Oz:

Um sonhador lúcido por natureza, eu caminho pelas ruas em constante devaneio. Olho a vida ao meu redor com os olhos de Will Eisner e a sensibilidade das histórias de Neil Gaiman. Alguém já me disse que sou o último dos românticos. De alma transparente, de coração ingênuo, calado e meio ermitão, talvez um dia eu me torne uma daquelas figuras mitológicas que dizem andar pelas ruas das cidades cinzas, mas que ninguém nunca viu. No fundo sou só um cara normal, com Orkut e amigos pseudo-malucos. Nada demais. No fundo, somos todos normais, mesmo com a esquisitice em moda.



blogs amigos

Designer na Pista
Blog da Bispo
Bqvrd
Tanto-faz
Guilherme Montana
Pseudologia Fantástica
Mult Pass
A Frase do Dia É
Acetoso
Nathíssima
Felim Propano
Subversiva

créditos

Powered by Blogger

Echo

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Alice In Slumberland

Alice persistia em sonhar, mesmo passada a adolescência. Tinha um certo controle sobre o sonhar. Porém, como todo dom especial, não tinha todo o controle.
Viu-se em algum lugar, uma sala antiga talvez...
- Será que encontro aquele cara da festa de ontem nesse sonho?
Mas só viu uma mesa onde um coelho branco enorme fumava um charuto e discutia com dois caras usando cartolas. Um deles era Willy Wonka.
- E ai? Joga? - perguntou o coelho.
- Eu não jogo. Disse Alice. Sou moça de família.
- Sei...
- Faz tempo que não te vejo, Coelho Branco...
- Claro que sou branco! Que discriminação é essa?
- Ora, mas você é branco, não é?
- Você chama um mulato de preto?
- Hein?
- Olha, você deve ter me confundido com outra pessoa...
- Você não é o Coelho Branco? Aquele da Rainha de Copas?
- Rainha que eu conheço só o tênis.
- Para de papo! Joga logo! - reclamou um dos cartolas.
Alice achou estranho tudo aquilo, mas insistiu.
- Então você é a Lebre de Março!
O coelho gigante pareceu irritado.
- Tá me estranhando, é? Eu sou coelho! Co-ê-lhô!! Além do mais, estamos em novembro..
Alice percebeu que o coelho era alguém vestindo uma fantasia e tentou mudar de assunto, voltando-se pra um dos cartolas.
- Fantasia é o cacete! Isso é tudo natural! Não tem silicone nem academia aqui não! - gritou o coelho sem mais nem menos.
- Então você não é o Chapeleiro? - perguntou ela pra um dos outros dois.
- Não. Sou o Tom Petty. Quer jogar?
Ele pareceu amigável, mas ela não deu muita bola. Caras legais raramente despertam interesse. Passou os olhos pelo coelho - que a ignorava - e chegou no outro, que além da cartola, trazia um longo smoking roxo.
- Willy Wonka?
- É. E você?
- Alice.
- Prazer. Quer jogar?
- Não, obrigado. Não sei jogar cartas. Aliás da última vez, quase tive minha cabeça decepada por uma delas.
- É, o jogo faz muita gente perder a cabeça...
Ela voltou-se novamente para o coelho.
- Não lembro de você fumando. Ainda mais charuto.
- Ah, lembrou de mim? - disse ele, mantendo os olhos nas cartas. Quer provar do meu charuto?
- Isso é um sonho erótico?
- Não sei. É?
Todos permaneceram em silêncio e olharam em volta pelo canto do olho.
Então, Tom Petty quebrou o silêncio, com alguém que não sabe a hora de falar.
- Eu não tô vendo ninguém pelado. Então... Vamos jogar logo?
- Claro, claro... - disse o coelho.
- Gostei de você. É enigmático... - declarou Alice.
Tom Petty e Willy Wonka se olharam.
- Sempre assim. O grandalhão com pinta de cafajeste leva a melhor... - suspirou uma cartola.
- É. A vida é um chocolate meio-amargo. - filosofou outra cartola.
Houve um silêncio constrangedor.
- Então... Vai lá buscar cerveja pra nós, vai?
Mas Alice acordou antes de chegar à cozinha.


*considere esse post um espasmo! :]

postado por The Oz às 02:19