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The Oz:

Um sonhador lúcido por natureza, eu caminho pelas ruas em constante devaneio. Olho a vida ao meu redor com os olhos de Will Eisner e a sensibilidade das histórias de Neil Gaiman. Alguém já me disse que sou o último dos românticos. De alma transparente, de coração ingênuo, calado e meio ermitão, talvez um dia eu me torne uma daquelas figuras mitológicas que dizem andar pelas ruas das cidades cinzas, mas que ninguém nunca viu. No fundo sou só um cara normal, com Orkut e amigos pseudo-malucos. Nada demais. No fundo, somos todos normais, mesmo com a esquisitice em moda.



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Echo

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

TV or no TV?

Asdrúbal, com sua camiseta do Mars Volta, seus tênis All-Star surrados de fábrica e seus cabelos de roqueiro inglês, tentou convencer os amigos, mas tudo o que conseguiu foi virar o novo pária da faculdade. Achou que iria mudar o mundo mas fez uma segunda descoberta naquela semana: o mundo não gosta de ser mudado! Pelo menos não contra vontade própria.
A primeira descoberta havia sido um pouco mais eufórica e satisfatória. Asdrúbal sentiu-se o próprio Arquimedes quando a descobriu. Mal sabia ele que o único Arquimedes que seus amigos conheciam era o pai bêbado de um amigo em comum que gostava de filosofar depois de 4 ou 5 cervejas. Enfim...
Asdrúbal estava no sofá da sala, com a família, assistindo à TV como todo ser humano não-pensante, quando teve um... Como eles chamam mesmo? Ah sim! Um insight! Diante daquela caixinha emissora de raios catóditos (eles ainda não tinham TV de plasma), depois de passar por vários canais, percebeu que estava perdendo tempo vendo TV. Mais: começou a ver a TV como uma droga coletiva que nada faz do que entorpecer os humanos que dela dependem. Mais ainda: tinha completa convicção de que algo ou alguém estava por trás daquele instrumento de controle das massas!
Totalmente desalienado (ou não?), levantou-se e foi para seu quarto. Estava começada sua guerra contra a TV e tudo o que ela representava! Sentou-se no computador e fez um enorme manifesto, publicado em seu blog. Pesquisou tudo que podia e seguiu para a faculdade a fim de alertar seus amigos e salvá-los. Explicou a eles tudo que havia descoberto. Explicou-lhes que a televisão nada mais era que um instrumento usado pelas grandes corporações para satisfazer prazeres básicos do povo e despertar-lhes o desejo de manter esse prazer, consumindo tudo que a TV divulga: de carros a moda, de brinquedos a estilos de vida! Que provavelmente um grande grupo financeiro e político estava por trás das grandes mídias, "programando" nossas mentes para sermos e agirmos como eles queriam, verdadeiros macacos atrás de bananas! Que um grande indício disso era o fato de não conseguirmos desgrudar os olhos da TV, mesmo que a programação seja fútil, simplesmente porque "eles" não querem que sejamos ativos e donos de nossas próprias vidas. Asdrúbal estava realmente entusiasmado e feliz por sua descoberta.
Pobre Asdrúbal, tudo que conseguiu foi risadas de alguns amigos e comentários ácidos de alguns outros. Mas manteve-se fiel ao seu discurso e tudo o que conseguiu foi ser deixado de lado cada vez mais, sendo excluído a ponto de ficar sozinho. Tentou até dizer-lhes que um homem estranho, de terno e com cara de agente da CIA, deu-lhe um sorrisinho irônico depois que um protesto seu na frente da faculdade resultou numa repreensão da reitoria. Mas ninguém ouviu.
Desanimado, andando pelos corredores, encontrou uma porta onde dizia "Grupo Jovens Contra o Sistema" - ou algo parecido - e resolveu entrar, com esperança de que alguém ali o ouviria.
Deu de cara com um sujeito esquisito, vestindo roupas de brechó e com o rosto pintado como um palhaço de circo.
- Eu queria expor uma descoberta que fiz sobre a televisão - disse, já meio desanimado.
Do outro lado, o rapaz o mediu dos pés à cabeça e em seguida deu um breve sorriso.
- Claro. Por que não? Trouxe o trombone?

postado por The Oz às 10:08