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The Oz:

Um sonhador lúcido por natureza, eu caminho pelas ruas em constante devaneio. Olho a vida ao meu redor com os olhos de Will Eisner e a sensibilidade das histórias de Neil Gaiman. Alguém já me disse que sou o último dos românticos. De alma transparente, de coração ingênuo, calado e meio ermitão, talvez um dia eu me torne uma daquelas figuras mitológicas que dizem andar pelas ruas das cidades cinzas, mas que ninguém nunca viu. No fundo sou só um cara normal, com Orkut e amigos pseudo-malucos. Nada demais. No fundo, somos todos normais, mesmo com a esquisitice em moda.



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Echo

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O Mundo de Oz - Tomo III: Dunkelheit - Cáp. 3 de 4

DUNKELHEIT
O Último dos Livros de Oz

Capítulo 3: Wasteland

“I still believe in God, but God no longer believes in me.”

Eu e o Nono Oz caminhávamos pelo que eu chamaria de A Entrada, dez lápides em círculo, com um estranho desenho no chão. Ele parecia bastante perdido, como sempre. Havia desistido de viver pela nona vez e, ao dormir, veio parar aqui, onde eu crio histórias para que eles possam acordar para uma nova vida. Assim como todos os outros, chegou sem saber quem era e onde estava e eu logo o levaria à Sala dos Espelhos. Depois. Agora, não.
- Aqui é por onde você e os outros entraram. – eu disse – Cada vez que vocês desejam morrer, saem dessas sepulturas para serem zumbis aqui. Até acordarem e para tentar fazer tudo diferente, negando o passado. Você é o nono a fazer isso. Aqui existem dez sepulturas.
Apontei para a única cova aberta.
- Esta é sua última cova. Quando vier por ela, não irá mais voltar. Pense nisso.
O nono Oz caminhou até a lápide e pegou uma pequena boneca de pano que estava largada no chão. Sentiu-se como alguém que deve esquecer algo e então jogou a boneca longe.

Levei o Nono Oz até o Palácio de Vidros Verdes e dei-lhe O Livro e o ankh. Mas antes sentei pela última vez em meu trono e contei-lhe uma pequena história.
- Uma vez um cara começou a escrever uma história...
Ele torceu o nariz.
- Escute, cara. É sério. – eu disse – Uma vez um cara começou a escrever uma história. Era um cara tímido, problemático, que não se enturmava muito. Sozinho em seu quarto, ele descobriu que tinha facilidade para criar histórias e então resolveu bolar um monte delas. Mas alguma coisa aconteceu. Ninguém sabe dizer o que é, porque ninguém viu acontecer, estavam preocupados com suas próprias vidas. E esse cara estava tão imerso em seu mundo que não se deu conta do que estava acontecendo. Então um dia ele foi forçado a sair do mundo que havia criado e viver a realidade. Foi uma catástrofe! Então esse cara resolveu criar um outro “eu” e contar histórias dele como se fosse dele mesmo e não de um personagem. Eram histórias bem malucas e fantásticas e ele achou que as pessoas realmente acreditariam que ele era aquele outro cara que ele havia criado. Mas com o tempo, ele foi ficando deprimido e percebeu que seu outro “eu” poderia ser uma válvula de escape. Ledo engano... Era só um personagem. Hoje, esse cara sabe disso. E por isso ele decidiu que seu personagem precisa ter sua própria história, assim como todos nós. É por isso que estou lhe dando O Livro.
O Nono Oz folheou as páginas em branco.
- Você deve ter sua própria história. Você não é mais eu - eu disse.

Na Sala de Espelhos, onde cada vida é revelada, pus o Nono Oz de frente à Janela de Cristal, o espelho que realmente é um espelho.
- A escuridão cobriu minha alma, Oz. – eu disse – E há uma grande parte dessa escuridão em você. Olhe pelo espelho, e você verá que somos um, que aqui é seu lugar e não o meu.
Então, ele olhou para o espelho, e viu por além das fronteiras dessa terra perdida cheia de contos e histórias. Viu os outros oito dele mesmo levantarem-se para a caminhada para si mesmo e sentiu o vento gélido de todos aqueles seres imaginados e mortos para que ele chegasse até ali. Eu vi. Ouvi a música incessante permear todo o Reino junto com o vento que transformava tudo em pó. No fim, só havia deserto e silêncio. Havia terminado. Havia começado. Eu vi, diante do espelho, Oz sumindo no reino dos sonhos, enquanto eu refletia sobre minhas 9 mortes. Senti todas as dores e lembrei-me de toda a jornada que ele disse que eu havia caminhado. Eu não queria mais morrer. Toda aquela história que Oz contou-me em seu trono fazia sentido. Havia todo um caderno branco e infinito comigo. Peguei-o junto do ankh que ele me deu e atravessei o espelho.

Acordei do sonho dos sonhos com uma estranha leveza acompanhado de um peso que carregaria para sempre. Tudo parecia iluminado, e minha alma estava mais obscura do que nunca. Mas ainda assim, as imagens que sempre permeavam minha mente o tempo todo haviam sumido. As palavras, os sons... Nada! Alguma coisa faltava. Algo ainda deveria ser feito...

postado por The Oz às 03:48