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The Oz:

Um sonhador lúcido por natureza, eu caminho pelas ruas em constante devaneio. Olho a vida ao meu redor com os olhos de Will Eisner e a sensibilidade das histórias de Neil Gaiman. Alguém já me disse que sou o último dos românticos. De alma transparente, de coração ingênuo, calado e meio ermitão, talvez um dia eu me torne uma daquelas figuras mitológicas que dizem andar pelas ruas das cidades cinzas, mas que ninguém nunca viu. No fundo sou só um cara normal, com Orkut e amigos pseudo-malucos. Nada demais. No fundo, somos todos normais, mesmo com a esquisitice em moda.


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Echo

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Exercitando a Morte

Eu morri ontem.
Calma, isso não é um post de suicídio, ou algo do tipo. Apenas usei do artifício de exercitar a morte. Uma prática tão comum à minha vida que eu já havia me esquecido de como ela é boa. É como incorporar uma fênix e, de quando em quando, preparar sua pira, deixar-se queimar pelas chamas e morrer para, logo depois, renascer. Eu faço muito isso. Morro e renasço. Sempre vi isso como um defeito e não como uma virtude. Mas finalmente cheguei à conclusão de que isso pode ser uma dádiva e me dispus a aprender a usá-la.
Engraçado como consigo saber quando a hora de morrer está chegando. O mundo à minha volta fica turvo, indefinido e distante. Memórias do passado começam a me perseguir. Imagens, sons, sensações que já não tenho mais voltam, por uma breve eternidade. Toda a vida é passada pela minha cabeça. Os filmes que vi quando criança, as músicas, as revistas, os amores e desamores. Bate aquela sensação saudosista e aí vem o arrependimento. "Se tivesse feito isso", "se tivesse feito aquilo". Você fica triste, se sente sozinho e então tudo fica escuro. Silêncio. A pira queimou e te consumiu. Então, entes que eu possa vê-la - a Morte - ou mesmo antes que minha consciência se dilua no Universo e eu possa ver as portas do Céu ou do Inferno, surge uma luz. Sou impelido a segui-la e sair da escuridão. É o renascimento. Uma nova vida está começando.
Tá, eu sei que não é realmente uma nova vida. Meu emprego continua lá, minha idade física, meu corpo, minhas responsabilidades. Para aqueles à minha volta, nada mudou. Mas em mim, por dentro, eu morri, e agora sou um bebê, deslumbrado com uma nova vida.
E aí então, como poucos, eu posso me lembrar de todas minhas encarnações passadas. E isso é bom, porque posso tentar viver uma vida melhor do que aquela que tive até minutos atrás. Então eu me disponho, enquanto ainda posso renascer, enquanto Ela não vem e as portas do Céu (ou do Inferno) não são avistadas, a tentar aprender todas aquelas lições que nos são apresentadas. Coisas sobre a vida, o amor, o dinheiro, tudo. E a primeira coisa é aprender a relaxar, sem correria. Eu sei que uma hora a pira começará a se formar novamente. E não sei se dessa vez irei renascer ou encontrar aquela gótica linda com um ankh no pescoço (adoro acreditar que a Morte é uma pessoa, você não?). Mas não ligo. Seja por pouco ou muito tempo, tudo que quero poder dizer, lá no fim, com um sorriso no rosto, é que "foi só uma vida, nada mais".

postado por The Oz às 11:11 |

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

A verdade está lá fora!

- O que você tá fazendo?
- Uma fogueira.
- Com livros???
- São livros de auto-ajuda.
- Mas...
- Chega de ilusões de sucesso e felicidade. Há uma vida real lá fora! Não que eu goste dela (não gosto). Mas cansei de acreditar em famílias de comerciais de margarina, bancos e supermercados.
- Você não tava mal? Meio perdido?
- Não que eu não esteja (estou?), mas acho que vou me achar mais em mim mesmo do que em livros sobre modelos de vida dos quais não almejo.
- Dá os livros pra alguém, então!
- Um ex-viciado dá suas drogas para outra pessoa?
- ...
- Fogo!!!
*levanta os braços*

---

"- Ok, qual o problema? Eu sei que tem algo errado. Olha pra você, aí, todo desanimado. Não é do seu feitio.
- Sabe, até então eu estava obcecado. Tinha uma missão, um propósito além de minha função... E então, de repente, a busca terminou. Me senti exausto. Desapontado. Esmorecido. Isso faz sentido? Eu tinha certeza que, assim que tivesse tudo de volta, ia me sentir bem... Só que, dentro de mim, me senti pior do que quando comecei. Eu me sinto um nada.
- Já terminou?
- Sim.
- Vou te contar uma coisa, Sonho. Você é o mais idiota, mais egocêntrico, mais estarrecido arremedo de personificação antropomórfica neste ou em qualquer outro plano! Um espécime infantil, adolescente e patético. Cheio de autopiedade porque seu joguinho acabou e você não tem culhões pra achar outro!
[...]
'Minha irmã tem uma missão a cumprir, assim como eu. Os Perpétuos têm responsabilidades. Eu tenho responsabilidades!'
[...]
'Há muito o que fazer em meu mundo. Muito a restaurar. A criar. Mas isso pode esperar. Encontrei o conforto que procurava, embora não da maneira que imaginei.
Dos sonhos, conjuro um punhado de grãos amarelos. Arremesso os grãos no ar. E ouço. O som das asas...'"
("O Som de Suas Asas" - Sandman número 8)

postado por The Oz às 13:57 |