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The Oz:

Um sonhador lúcido por natureza, eu caminho pelas ruas em constante devaneio. Olho a vida ao meu redor com os olhos de Will Eisner e a sensibilidade das histórias de Neil Gaiman. Alguém já me disse que sou o último dos românticos. De alma transparente, de coração ingênuo, calado e meio ermitão, talvez um dia eu me torne uma daquelas figuras mitológicas que dizem andar pelas ruas das cidades cinzas, mas que ninguém nunca viu. No fundo sou só um cara normal, com Orkut e amigos pseudo-malucos. Nada demais. No fundo, somos todos normais, mesmo com a esquisitice em moda.


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Echo

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Trilha Sonora

Eu fui! - agora todas as vezes que vocês virem um post com esse título será eu comentando sobre algum show, peça ou evento que eu fui ver. Como minha grana é pouca e eu não tenho parentes ou amigos que podem arrumar ingressos ou credenciais para mim, então vai ser meio raro disso acontecer. Mas seja um show de garagem ou num estádio, cá estarei eu!

Vitor Araújo - apesar de não assistir Jô Soares ou o Altas Horas com freqüência, numa dessas eu vi esse garoto de Recife tocando e sendo entrevistado e realmente me interessei. Pra quem acha que eu só tenho heavy metal no sangue, surpresa, eu também tenho ouvido aberto - apesar de meio surdo - para outros estilos musicais. E mesmo sem conhecer nada de Villa-Lobos e nem gostar de Radiohead ou Tom Zé - ha! tem gente que achava que aqui havia um intelectualóide, hein! enganei vcs! - eu fui ver um show do carinha nesse domingo no Auditório do Ibirapuera.
Musicalmente, me senti dentro de um filme e a performance, simpatia e simplicidade do rapaz me fez bater palmas com vontade e sair com gosto de "quero mais". O jeito como ele segurava o microfone e falava com a platéia - como criança diante de um estádio inteiro pela primeira vez - além do jeito de tocar "livre", nada daqueles caras de smoking e tantas rugas quanto prêmios, cheio de pose do tipo "eu Deus, vc súdito" e a sonoridade das músicas me fez ter saudade de quando eu era mais inocente, mais real e menos deprimido.
Página do Vitor: http://www.myspace.com/vitoraraujo

No final, depois de se "divertir" muito, como ele mesmo disse, citou o filme Dançando no Escuro (um dos que me fazem chorar) e de quando a personagem protagonizada pela Björk diz que adorava musicais mas saía do cinema antes da última música terminar, para que pudesse imaginar que o musical nunca acaba e tocou uma música sem nome e sem final, que pára assim, de repente, para que nós pudéssemos completá-las em nossa cabeça.
Isso me lembrou de como eu sempre me sinto como num filme e sempre imagino trilhas sonoras para os momentos, assim como certas músicas quando ouço rapidamente imagino cenas ou histórias em minha cabeça.
Gosto de imaginar trilhas sonoras para a vida, assim como da idéia de ver certas formas dela como um musical. Assim como sinto falta de ver a vida com simplicidade, com olhos de menino que acredita em filmes e musicais.
Apesar de não saber nada de música, não consigo ver minha vida sem ela. Eu escrevo ouvindo música. Quando estou deprê, me isolo do mundo com fones de ouvido e às vezes é o que rola neles que me anima novamente. Eu sonho e imagino histórias o tempo todo - outro dia falo disso - e a música sempre está lá. Acho que por isso, mesmo sendo "metaleiro", o instrumento que mais gosto é o piano. Exatamente porque é o instrumento "para" trilha sonora! Como nos filmes mudos, cada cena do dia, seja uma visão do trânsito, seja pessoas num restaurante, seja a chuva na janela, seja meu filho brincando, seja eu divagando, sempre imagino um pianista em algum lugar tocando...
Imaginação? Ingenuidade? Loucura? Bobeira? Nem ligo.

postado por The Oz às 00:04 |

terça-feira, 8 de abril de 2008

What a Wonderful World...




Em 1968, Juvenal Starlight tomou uma decisão que sua família e amigos acharam no mínimo radical: foi para as montanhas viver numa casa velha, viver do que plantava e nada mais. Havia tomado essa decisão depois de muito pensar sobre o mundo em que estava vivendo. Membro de uma comunidade hippie até então, estava farto e desapontado com o que via à sua volta. Países poderosos se metendo em guerras alheias por interesse econômico e político, pessoas passando fome enquanto outras falavam das maravilhas do mundo moderno que podiam comprar, a busca incessante pelo sucesso financeiro, a busca incessante pela paz espiritual associada ao sucesso financeiro, a má educação e falta de senso ético e moral das pessoas, a incompetência administrativa do governo que sempre beneficiava poucos (eles mesmos) e enganava muitos com planos sociais capengas, o delírio geral alimentado pelo ópio que era a mídia... Juvenal realmente estava determinado a se isolar e só sair quando o mundo estivesse melhor. Então, depois de se despedir da família e dos amigos, pegou suas coisas e foi pro mato.
Alguns meses atrás, seu sossego foi interrompido por um grupo de jovens que faziam caminhada perto de sua cabana. Apesar de ficar meio arredio e avesso a interações sociais, Juvenal Starlight acabou sendo hospitaleiro com o pessoal, que caminhavam já a várias horas para chegar numa cachoeira que eles tinham visto numa revista de turismo. Depois de conversar um pouco com os jovens, Juvenal pensou se já não era hora de voltar à civilização. Eles haviam lhe dito que o mundo estava muito melhor hoje, com menos desigualdade, renda elevada, baixo nível de analfabetismo, grandes potências em crise e países emergentes em ascensão, que as pessoas estavam muito mais conscientes e com opinião própria, que finalmente todos estavam falando sobre o meio ambiente, aquecimento global, desenvolvimento sustentável, etc.
Depois que o grupo foi embora, Juvenal pensou por alguns meses e então decidiu: voltaria a viver em sociedade! Arrumou suas coisas, deu uma última olhada na cabana, tomou um banho, amarrou o cabelo, aparou a barba e desceu montanha abaixo! Pegou a estrada asfaltada (que antes era de terra) e logo chegou a uma pequena cidade. Logo na primeira rua, deu de cara com um boteco da periferia, onde um grupo tomava cerveja e o som de uma música estranha com batida intermitente e letras obscenas dividia espaço com uma televisão colorida.
A princípio se maravilhou com aquilo: uma tv bem menor do que as que conhecia e ainda por cima a cores! Mas logo o sorriso em seu rosto começou a sumir... Viu o jornal mostrando os tibetanos tentando apagar a tocha olímpica, pois as Olímpiadas seriam na China; viu sobre um atentado a bomba no Iraque a um grupo de soldados americanos, viu a marginal do rio Tietê lotada de lixo e de carros que não andavam nem um metro; viu as pessoas se acotovelando para entrar nos trens em horário de pico; viu uma mulher linda e burra mostrando sua nova cobertura que havia comprado com o dinheiro que ganhou num programa de tv; viu sobre a epidemia de uma tal de dengue no Rio de Janeiro; viu sobre os shoppings lotados por causa da facilidade de crédito; viu sobre os maior número de pessoas com diploma superior e crianças do ensino médio que não sabem ler e escrever direito; viu que o presidente estava comentando sobre a derrota de seu time de futebol em meio a uma entrevista sobre uns cartões que o governo gastou como não devia; viu sobre criminosos atacando policias e arrastando crianças presas na porta do carro até a morte; viu a vida perfeita que mostravam nas novelas; viu programas explorando a miséria financeira e cultural do povo; viu uma igreja na tv pedindo doações do "tamanho de sua fé"; e viu que nada havia mudado em 40 anos. Na verdade, parecia que havia piorado, apesar de aparentemente parecer ter melhorado...
Então, em silêncio e triste, Juvenal Starlight juntou suas coisas e voltou para a cabana nas montanhas, onde continua vivendo, sem saber que uma construtora está planejando construir ali um belíssimo condomínio de chácaras, com 1.000 m2 cada, para aqueles que querem fugir do estresse da vida na cidade!

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ah, reparou q o blog tá meio diferente? é, eu tô mudando o lay-out aos poucos...

postado por The Oz às 10:57 |