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The Oz:

Um sonhador lúcido por natureza, eu caminho pelas ruas em constante devaneio. Olho a vida ao meu redor com os olhos de Will Eisner e a sensibilidade das histórias de Neil Gaiman. Alguém já me disse que sou o último dos românticos. De alma transparente, de coração ingênuo, calado e meio ermitão, talvez um dia eu me torne uma daquelas figuras mitológicas que dizem andar pelas ruas das cidades cinzas, mas que ninguém nunca viu. No fundo sou só um cara normal, com Orkut e amigos pseudo-malucos. Nada demais. No fundo, somos todos normais, mesmo com a esquisitice em moda.


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Echo

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Nunca Mais!

Em tal noite soturna e calorenta, alguém bate à minha porta.
Alguém que me visita, nada mais!
E o cuco bate, castiga.

E disse-lhe pela porta que queria dormir, mas tal voz sombria me gelou a espinha.
Haveria um dos Perpétuos à minha porta? E qual deles seria? Maldita vida breve.
E o cuco martelando em minha cabeça. Maldita breve vida.
Talvez estivesse perdido em meus sonhos impuros e sem nexo.

Então, sem alternativa, Jane me levou à janela.
Ahá! Sonhos! Pois só assim ela poderia ter sido vista!
Em meu terceiro andar abri a janela, e uma fada logo passou para o lado de dentro, pousando em meus ombros.
O cuco do Doutor Manhattan a martelar e eu a perguntar:
"Quem és tu, pequena fada?"
Sem me estranhar pela sua veste preta e seu olhar digno do Olimpo.
Eis que só pude ouvir ela dizer:

"Nunca mais!"

Pois então pedi à fada que fosse embora, já que não havia nada para ela fazer ali.
Queria dormir, sonhar e voltar à minha solidão. Mas ela só repetia:

"Nunca mais!"

Ah, ser encantado que veio sei lá de onde!
Volte para lá e me deixe em paz! Há o que dormir e o que despertar!
Há o que fazer e o que viver! Deixe-me!
E nem Sininho, nem fadas de botas diriam com tanta zombaria:

"Nunca mais!"

Pois já não me basta o cuco desgastante me achando o Sylar?
Já não me basta os Perpétuos que brincam com minha vida?
E meu tormento de viver entre mortos tão mais morto do que eles,
Sem saber saborear o amor e a serenidade do tempo,
Ainda vem você zumbizar no meu ouvido como um bicho de luz com curvas e olhar penetrante?
Em que noite poderei eu ter paz?

"Nunca mais!"

Maldito pesadelo com aquela figura alada de preto atrás de minha consciência e de minha memória!
Cristãos veriam em ti um demônio, criatura!
Mas sei do mal dos escritores e contadores e sei por que tu estás aqui!
Pois não poderia eu deixar esse fardo e voltar à minha noite e ao meu sono em vida?

"Nunca mais!"

Foi então que num lapso compreendi e tudo que pude fazer foi aceitar!
Mas ainda um resquício de esperança de não estar louco poderia chegar...

"Nunca mais!"

A ilusão do livre arbítrio não entra nesse castelo sombrio que é minh'alma!
Um chamado a mim foi feito, através de tal ser que só eu posso ver.
E andarei eu por aí, com uma fada gótica em meus ombros,
Berrando em minha sanidade, toda vez que eu tentar ou estar tentado a abandonar minha sina:

"Nunca mais!"

E nem o cuco pesará tanto, nunca mais...

---

Não entendeu nada?
-> "O Corvo" (The Raven), de Edgar Allan Poe
-> Perpétuos
-> Jane = referência a "Jane Says" do Jane's Addiction
-> Doutor Manhattan é um personagem de Watchmen que era relojoeiro.
-> Sininho é a fada do Peter Pan
-> "fadas de botas"
-> Sylar

postado por The Oz às 02:08 |

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Lamentos e Tormentos

Existem dois tempos dos quais eu realmente sinto falta:

O primeiro é de quando tinha meus 12, 13 anos. Morava em Araraquara, interior de São Paulo, e eu pai era dono de uma banca de jornais e revistas na rodoviária da cidade. Sendo assim, meu dia era levantar cedo, pegar o tróleibus para o centro e passar a manhã na escola, não prestando a mínima atenção nas aulas e desenhando tiras sem noção que colocavam professores e alunos em situações absurdas (eu ainda não havia descoberto o Monty Python) - infelizmente todas elas perdidas. Um dia ainda conto dos meus tempos de escola... Depois das aulas, voltava para casa, almoçava e seguia para a banca, onde eu trabalhava no lugar da minha mãe - que ficava em casa cuidando do meu irmão pequeno - até à noite, quando meu pai chegava do trabalho dele par fechar. Eu passava o dia lendo quadrinhos, vendo revista de mulher pelada escondido e tentando copiar os desenhos dos gibis a olho.
Em casa, eu raramente ia dormir cedo. Ficava até altas horas desenhando e inventando histórias e personagens para fazer minhas HQs quando eu aprendesse a desenhar melhor. Infelimente, com a mudança de volta para o ABC Paulista tudo isso foi por água a baixo. Outro dia conto essa história também.

O segundo tempo do qual sinto falta é o de quando tinha 16 anos. Eu trabalhava de aprendiz de eletricista de manutenção (leia-se "peão") numa indústria química e fazia o colégio à noite. Os tempos já eram turbulentos, porque eu havia repetido o segundo ano técnico por relaxo e pelo meu "primeiro amor" (outra história...) e agora estudava no colégio "normal". Além disso, eu não queria mais saber do modelo "emprego bom em empresa boa" que meu pai havia conseguido pra mim. Só que eu não tava nem aí! Eu enrolava no trabalho e na escola e ficava contando os dias para o final de semana. Sábados eu passava na galeria, com meus cabelos grandes e rebeldes, todo de preto, escolhendo LPs (1993, gente!) pra comprar com parte do meu salário e tentando não encontrar nenhum punk ou careca pelo caminho. Ia pra casa, ficava lá, viajando nas músicas e rabiscando coisa ou outra (desenhos parcos, poemas ingênuos e sem sentido, possíveis letras de músicas...). Depois à noite ia para os botecos de roqueiros beber e sacudir a cabeleira até de manhã - botecos esses que deixariam Bob Cuspe com inveja e a geração de pseudo-rebeldes de hoje com vontade de ouvir Britney Spears!

A nostalgia e a falta desses momentos sempre me pesam nos finais de ano. Não que eu queira "voltar àqueles tempos", como muitas pessoas ao meu redor acham. O que me falta é aquele "espírito", se podemos chamar assim. Eu era o pária, o esquisito, o nerd, mas isso não me deprimia. Na verdade eu nem ligava. Eu era quem eu era e pronto! Foda-se o resto! Eu fazia o que tinha vontade de fazer, dizia o que queria e seguia minha vida... Não ficava me lamentando, nem usava desculpas como falta de dinheiro, responsabilidades, idade, blá, blá, blá...
Eu não tinha namorada, mas também não perdia os cabelos por causa disso. Não tinha dinheiro, e não me lamentava. Tinha que trabalhar, fazer coisas que não gostava, mas no final do dia ou no final de semana, eu tinha meu mundo me esperando, e isso mantinha o sorriso no meu rosto.
O que quero hoje, o que busco, é esquecer esses dias deprimentes, os tormentos que me enlouquecem, e tentar encontrar aquele sentimento, aquela alma, aquele Flávio perdido. Só quero que lá na frente, eu possa dizer que houve três tempos dos quais sinto falta. E que um deles seja da casa dos 30 anos.
Me apegar às coisas que eu gosto e que me fazem bem, sem esquecer das minhas responsabilidades e esquecer de todo o resto. Todo o resto!
Essa é minha única meta!

postado por The Oz às 10:32 |

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

E agora algo completamente diferente!

Ozinho caminhava tranqüilamente por aqueles enormes e espaçosos corredores de tons claros. Tudo era muito limpo e arrumado. E haviam algumas portas, muito bem decoradas, sempre com alguém a sorrir constantemente para quem passasse por elas. Ozinho caminhava, perdido entre toda aquela beleza, sem perceber muito as pessoas à sua volta, que também caminhava por ali empolgadas, eufóricas e calmas ao mesmo tempo, como se estivessem dopadas.
O que o intrigou foram aqueles homens de terno para todos os lados. Eles pareciam algum tipo de polícia, ou algo para manter o controle e achou estranho, porque tudo ali parecia tão calmo. Aquela musiquinha... Ah, sim. Havia uma musiquinha de fundo, calma, tranqüila, e Ozinho começou a ouvi-la com mais atenção, quando algo nela lhe tirou da paz em que estava. Podia ouvir ao fundo, quase imperceptível, uma voz dizendo "Compre! Compre mais e seja feliz!"
Aquilo o despertou de um socego para qual ele não conseguiu mais voltar. Nesse mesmo instante, seu pais o aproximavam de um estranho velho barrigudo vestindo roupas vermelhas e com uma enorme barba. O colocaram no seu colo. Mas Ozinho já não era mais o mesmo.
- Olá, menino! O que você vai pedir para seus pais esse ano?
- Você não me engana, Papai Noel! Eu sei o que vocês estão tramando!
E pulou do colo do velho, correndo em disparada pelos corredores assépticos.
Mas foi barrado por dois daqueles caras de terno. Enfiou-se então por uns daqueles corredores mais estreitos por onde vinham as pessoas sorridentes e meteu-se num labirinto de corredores obscuros. Chegou então a uma sala que o deixou ainda mais apreensivo. Vários Papais Noéis estavam em volta de uma mesa onde uma espécie de mapa estava estendido e nas paredes haviam vários painéis eletrônicos.
- Está tudo como nos conformes, Noel-1. Logo logo nosso plano estará em total operação.
- Controlaremos todas as pessoas e então seremos donos de tudo! Hahahaha.
- Ei! Olha ali!
E viraram-se para Ozinho.
- Peguem aquele menino! - gritou Noel-1.
E um bando de papais noéis correram em direção ao garoto. Ele teria conseguido fugir, não fossem os homens de terno atrás dele. Quando se deu por conta, todos estavam em cima dele e percebeu que um dos papais noéis o catou pelos pés e o enfiou num saco. Tudo ficou escuro.
Foi aí que eu acordei.

Tá, eu admito que criticar o consumo é coisa de pobre! =P

:]

postado por The Oz às 11:05 |