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The Oz:

Um sonhador lúcido por natureza, eu caminho pelas ruas em constante devaneio. Olho a vida ao meu redor com os olhos de Will Eisner e a sensibilidade das histórias de Neil Gaiman. Alguém já me disse que sou o último dos românticos. De alma transparente, de coração ingênuo, calado e meio ermitão, talvez um dia eu me torne uma daquelas figuras mitológicas que dizem andar pelas ruas das cidades cinzas, mas que ninguém nunca viu. No fundo sou só um cara normal, com Orkut e amigos pseudo-malucos. Nada demais. No fundo, somos todos normais, mesmo com a esquisitice em moda.


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Echo

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O Mundo de Oz - Tomo I: Dead Poet - Cap. 2

O POETA MORTO

Cápitulo 2 – Blood, Fire and Death

O cheiro de sexo insistia em sufocar seus pulmões, mas ele tentava se concentrar no que Damien estava lhe dizendo enquanto se sentavam num dos estranhos sofás da enorme sala onde se encontravam agora. Haviam caminhado pouco desde aquela sala cheia de corpos se unindo, até essa espécie de sala de visitas, ricamente decorada e planejada para encher os olhos, não fossem as paredes feitas de carne, ossos e sabe-se lá o que mais.
- Pedi para que Mordenkai lhe trouxesse aqui, meu amigo morto – disse o filho do anjo caído – porque sei que deve estar perdido e quero ajudar-lhe.
Cora riu com sarcasmo.
- Ajudar? E você ajuda alguém além de si mesmo, primo? Abra o jogo logo de uma vez!
A mulher nua com cabeça de gato começou a lamber as partes internas da perna de Damien e correu suas mãos para baixo do roupão, começando a fazer leves movimentos no que parecia ser seu membro sexual, quando um severo olhar do anfitrião lhe fez parar e deitar-se no chão, como um gato entediado.
- Depois, Bas. Nossos convidados não estão à vontade. O que é uma pena... Enfim, querida prima. Nosso amigo Oz me ajudou muito enviando Mordenkai depois de seu confronto consigo mesmo nas terras escuras para me auxiliar, como forma de agradecimento pela ajuda que lhe dei nos seus 10 Dias de Agonia.
- Por isso mesmo, você nada deve a ele. Algo me diz que tem dedo do seu pai nisso!
Damien olhou descontente para Mordenakai.
- Por que a trouxe junto?
- Hades pediu.
- Meu tio tem Mefistófeles para buscar suas almas! Ora! – virou-se com calma para os convidados – Você sabe que nosso Rei quer que ele continue morto. E cada vez que ele morrer, incluindo essa primeira vez, ele tentará prendê-lo aqui. Quem melhor do que eu para fazer isso?
- Me prender aqui? No Inferno? Pela eternidade? – assustou-se o visitante.
- Não é tão ruim. Você pode ter uma vida bem prazerosa aqui.
Como se combinado, entrou pela porta uma garota de aparência bem jovem, mas com belas curvas corporais, vestindo uma insinuante roupa preta e vermelha. Ela tinha cabelos escurecidos mas não totalmente pretos e olhos de serpente.
Cora tentou fazer alguma coisa, mas foi impedida por Mordenkai, que a cobriu com seu manto e ambos viraram pó. O rapaz se assustou, mas antes disso a jovem entregou-se a ele e o beijou libidinosamente.
- Isabel é grande fã sua e de seu espírito jovem e regenerativo, desde os tempos em que ainda era condessa. – exclamou Damien.
Sentiu gosto de sangue no beijo. Fogo. Seu corpo queimou por dentro e ficou dividido sobre interromper aquele ato ou não.

O lugar era frio, escuro e vazio. Numa planície rochosa Mefistófeles, o anjo de asas negras, avistava o lugar inóspito, quando uma brisa o rodiou e concentrou-se num canto úmido, levantou poeira e tomou a forma de Mordenaki e Cora. Ela olhou para cima e viu o céu como se fosse um teto rochoso cheio de raízes e cavernas. Reconheceu o lugar. Morte. Estava nas terras escuras e sombrias dos mortos.
- Seja bem-vinda de volta, princesa. – proferiu o anjo negro.
- Olá, Mefis. Onde ele está?
- Cuidando de negócios.
Apontou lá para baixo, para uma caverna.
- Está lá, a espera de seu novo amigo, o morto. O lado sombrio da alma do rapaz, o Escuro, é o que ele é hoje. Engraçado. Não foi ali perto, nas montanhas, que ele enfrentou a si mesmo e o poupou, Mordenkai? – terminou, interrogando o demônio.
- Quem é você para me interrogar, anjo? Um desses pastores? Sim, foi ali mesmo que ele enfrentou a si mesmo, próximo de onde prometi a Agat que o destruiria.
- Seu irmão deve ter ficado decepcionado com sua primeira tentativa e seu primeiro fracasso.
- Como você mesmo disse, foi só a primeira tentativa. Outras virão...

Ele tentava não se deixar seduzir por Isabel, mas não conseguia. Sabia que uma parte dele queria aquilo. Queria aquela mulher com rosto de garota. O ar de sexo e desejo já não estava mais somente ao seu redor, mas também dentro dele. Enquanto Isabel o levava para seu quarto, nem deu muita atenção para a enorme mulher que ia em outra direção, para outro quarto, com uma gaiola com uma garota dentro.
- Se divertindo, Tizuka? – brincou Isabel.
- Você tem seu brinquedo, eu tenho minha princesa. – respondeu a quase gigante mulher. E entrou para seu quarto, levando consigo sua prisioneira de olhos tão adormecidos quanto do morto visitante.
Lá embaixo, Damien sorria pelo seu aparente sucesso, quando Mordenkai novamente se materializou diante dele.
- Conseguimos, mestre.
- Eu consegui, demônio. Não sei onde Oz estava com a cabeça quando lhe enviou a mim. Será que ele não saberia do risco que correria por causa da amnésia post mortem que sempre o acomete durante a passagem?
- Talvez ele tenha planejado tudo isso.
- Claro. Oz é só a criatura, não o criador. E como ele mesmo se criou, sabe que tem que morrer para renascer, para ficar livre de si mesmo.
- Um pouco confuso, eu diria. Ainda mais num mundo como o nosso, onde tempo, espaço e imaginação não têm limites... – questionou Mordenkai.
- É sempre a mesma história, demônio. – disse o filho de Lúcifer olhando para a escada pela qual o morto subiu – Começa pelo meio, ele morre, tem personagens estranhos e música cult. É o ciclo!
No quarto, o entorpecido e hipnotizado rapaz se assustou apenas com o chão molhado. Parecia sangue. Muito sangue.



postado por The Oz às 20:12 |